domingo, 27 de maio de 2012

27 de Maio 2012 - Três anos da tragédia dos Algodões



O Dia 27 de maio de 2009 chegou igual a todos os outros para os cocalenses, viviamos a expectativa pela situação da barragem algodões diariamente centenas de pessoas se dirigiam ao local que ficava a uns 16 km da cidade para verificar como estava a situação, naquele dia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais comemorava mais um aniversário o dia era de festa para os trabalhadores rurais, apesar da angustia de terem passado mais de 15 dias instalados precariamente em escolas do Município e comemoravam o fato de terem sido liberdados para retornar para suas localidade pois o Governo havia trazido um engenheiro de nome Luiz Hernane que não passou mais que 15 minutos em cima da parede da barragem e declarou que não haveria rompimento, o retorno foi festivo.
As 15hs o Prefeito Fernando Sales mandou me chamar pois estava esperando na prefeitura um técnico que iria a Prefeitura fazer o relato da situação, por volta das 15:40 o técnico chegou e disse ao Prefeito que um pedaço da estrutura havia caido mas que não haveria o rompimento o máximo seria um aumento no leito dos rios e que afetaria apenas os moradores de áreas mais próximas e aconselhou o prefeito a ir a rádio fazer pessoalmente o alerta e assim fizemos eu e o Prefeito fomos até a rádio comunitária a Tropical FM para uma entrevista o Proprietário cedeu o espaço e eu comandei a entrevista que começou por volta as 16:15 e durou 20 minutos, quando o prefeito relatava as informações do técnico e anunciava que não haveria risco de rompimento a Barragem rompeu para o desespero de todo o Município, o Prefeito foi surpreendido com a noticia e de imediato a rádio começou a informar o rompimento e pedir para que as pessoas saissem.
Todos nós que vivemos aquela experiência acreditamos que foi um milagre o rompimento ter ocorrido naquele horário, pois se tivesse ocorrido a noite o numero de vítimas seriam muito maiores.
De repente a Barragem Algodões motivo de orgulho para os cocalenses e expectativa de progresso e desenvolvimento transformou-se em um carrasco cruel e implacável.
Ondas de mais de 20 metros saiu arrastando tudo pela frente, duas crianças que estavam a poucos metros da barragem tentaram correr, subiram em cima de um cajueiro mas as águas arrastaram o cajueiro e as duas morreram afogadas, uma foi encontrada logo a outra dias depois parcialmente enterrada o grande numero de úrubus denunciaram o local onde estava o corpo.
Dezenas de localidade foram destruidas, os moradores perderam terras, animais, plantações, investimentos, documentos, roupas, casas, móveis, amigos e familiares.
Pessoas perderam em algumas horas o que levaram uma vida para construir.
As águas da barragem chegaram a 2 km da cidade e depois recuaram, mataram 9 pessoas e uma das vitimas nunca foi encontrada, apesar da cidade ter ficada cheia de bombeiros, policiais e etc... todos os corpos foram encontrados por moradores da região, detalhe 9 morreram no dia em Cocal, mas depois tivemos mais algumas vítimas em consequencia da barragem que adoeceram e morreram semanas depois.
A Verdade é que a preocupação do Governo só ocorreu enquanto durou o interesse da imprensa, infelizmente para as vitimas e o Município poucos depois da tragédia de Cocal um avião caiu no mar matando mais de 200 pessoas e o caso Cocal perdeu o interesse da mídia.
Tudo o que as vítimas receberam foram pequenas casas, construidas distantes de suas áreas, com pouca estrutura, só com o básico e algumas cestas básicas, as outras promessas nunca foram cumpridas e se não fosse a luta da Avaba e do Deputado Marden Meneses o caso já teria sido esquecido.
Estamos solidários com o sofrimento destas vítimas porque vivemos estes dias de angustia e esperamos que a justiça se faça e o Governo pague o que deve a este povo sofrido.

TEXTO EUCLIDES ALVES GUADALUPEAGORA

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