sexta-feira, 2 de março de 2012

Livro "Algodões" traz contos sobre a tragédia em Cocal


Dia 27 de maio de 2009 rompia a Barragem de Algodões, no município de Cocal, localizada a 250 km de Teresina. Uma das maiores tragédias já ocorridas no Piauí, que vitimou nove pessoas e deixou centenas de famílias desabrigadas, é o pano de fundo para o livro "Algodões", contos do advogado e professor Austregésilo Brito, que será lançado em março próximo pela Editora Nova Aliança.
"Cortejo lento, copioso. Empreendiam grande esforço para vencer o aclive, sem refúgio. Vez por outra buscavam abrigo na ramagem que pendia das árvores secas. Seu Joaquim, cansado, tentava desgrudar a mão, em cãimbra, da aselha do caixão. Gente desfigurada. Olhos pregados no céu, catando esperanças. No céu, só urubus adejando".
O trecho acima é uma das passagens do capítulo Estio e é de arrepiar ao colocar em palavras algumas das impressões dos primeiros dias após a tragédia.
Para o autor a obra fala das perdas, dúvidas e questiona-mentos em relação ao sinistro ocorrido em um dos invernos mais rigorosos no Estado. "Vidas foram perdidas. São muitas histórias por trás dessa grande tragédia. Eu conheço todo o local e foi impressionante ver fazendas devastadas pela enxurrada, locais que eram pontos de encontro para os moradores daquela cidade", lembra Austregésilo Brito.
O livro conta com prefácio de Aiton Sampaio, que fala da beleza e bem-feitura da obra que fixa na ficção uma das tragédias mais vergonhosas já ocorridas no Piauí e comparou ao incêndio ocorrido na década de 40, no governo de Leônidas Melo, casas de palha na avenida Miguel Rosa foram incendiadas.
"Só não passaram em branco as labaredas da década de 40 por causa da coragem e compromisso de Vítor Gonçalves Neto, que no conto Fogo, extraído do ventre da novela Santa Luzia dos Cajueiros, infelizmente extraviada, marcou a ferro e prosa a literária denúncia", relata Airton Sampaio no seu prefácio. 
Algumas fotos da tragédia ilustram o livro "Algodões". São imagens de uma cidade que foi devastada pela água, mas também histórias, sonhos e projetos de vida que foram levados na enxurrada. "Até hoje as cidades de Cocal e Buriti dos Lopes não receberam reparos. A perda dos bens é incalculável e a tragédia poderia ser bem maior caso todas as pessoas tivessem voltado. Esse sinistro foi algo que me chamou bastante atenção", disse o autor.
O livro será lançado em março na Livraria Entrelivros, na avenida Dom Severino, na zona Leste.
Fonte: Diário do Povo 

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